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BIOCRÓNICAS

CRIAR BIOGRAFIAS OU CRÓNICAS ROMANCEADAS DE PESSOAS OU EMPRESAS

BIOCRÓNICAS

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10
Jun11

HOJE É DIA DE PORTUGAL!...

romanesco

 

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«««//»»»

*

já foi dia da raça
 movimentou paradas militares
 discursos de exaltação
 a iluminar desígnios como quem traça
 caminhos preliminares
 que elevam o povo humilde da nação
 orgulhoso em forma de desgraça

*

hoje é dia de Portugal
 não já só império mas um mundo
 de comunidades disseminadas
 por onde a palavra insidiosa frugal
 aviva o desejo mais profundo
 de elites convulsivas amedrontadas
 que lhes sequem onde medra o pantanal

*

a minha condecoração
neste dia de pretenso orgulho nacional
 vai para aquela mãe envelhecida
 que se entrega inteira d'alma e coração
 se endivida olhos no chão na luta desigual
 para salvar o filho em cada recaída
 antes que droga ou morte apague sua paixão

*

a minha condecoração
 vai para aquela mulher vitima dos conceitos
 que geram contra ela infinita violência
 ornada para enfeite do ódio em gestação
 desde que nasce para ser de amores perfeitos
 que aviltam a sua consciência
 e a condenam à mais vil submissão

*

a minha condecoração
 neste dia da oratória banal cheia de recados
 vai para o vagabundo sem rumo
 que nos olha sopesando a nossa dimensão
 de nós altivos a coberto do medo desassossegados
 envolvidos num ter efémero que cai a prumo
 de que somos o modelo em extinção

*

a minha condecoração
 vai para o amor sem limites dos amantes
 que não sendo um país são a alma humana inteira
 a que faz do silêncio a sua projecção
 a que se indigna por ser o isco dos tratantes
 porque amar é ser maior que a comenda
 no brilho onde o espavento marca a distinção

*

hoje é dia de Portugal e da poesia
 porque é de Camões a epopeia que cava o drama
 onde navega e naufraga este país
 não há arrais que saiba marear toda a maresia
 todos de terra como então tecem a trama
 não há na natureza quem abjure assim sua raiz
 até que alguém nos cale por heresia..

 

autor: jrg

27
Set08

EDITORES E LIVREIROS...REFLEXÕES AVULSAS SOBRE UM TEMPO

romanesco

Estamos no final da década de 60 inicio de 70, anos cruciais no desenvolvimento da capacidade critica dos Portugueses, no desenvolvimento de actividades que permitiriam o elevar da auto estima individual e colectiva.

Tinha havido Maio de 68 e o país devastava-se numa guerra traumatizante contra a história e deixava escapar de si, muita da inteligência que nenhum povo pode prescindir sob pena de atrasar o acompanhamento dos demais povos desenvolvidos e empenhar a sua projecção como evidência de Nação. Ouvia-se os rumores de tempos novos. Soavam tambores.

Proliferavam editoras de livros, médias e pequenas e edições piratas e de autor, que procuravam publicitar ideias e conceitos que o regime politico proibia que se editassem pela via legal.

Ser Editor, era um trabalho prestigiado e prestigiante, que atraía idealistas da palavra, percursores de mitos que se vinham afirmando e de outros que eram já fonte  de valores emergentes numa nova ordem reclamada nas ruas de Paris e um pouco por toda a Europa.

A politica de edição e distribuição era a de levar o livro ao ponto mais recôndito. Onde houvesse uma loja que quisesse vender livros, ser depósito, montra de livros, não importava se papelaria e as livrarias eram muito poucas em todo o País.

A Verbo era a maior das editoras, com ligações ao regime e vida económica confortável, beneficiando de uma propaganda apoiada e entrada assegurada nos mecanismos que o estado apoiava, O Sousa Pinto dos Livros do Brasil liderava o mercado dos romances com a sua colecção dois mundos, O Lyon de Castro da Europa América, um estratega que soube desenvencilhar-se do estigma de opositor ao regime e beneficiou dum best seller de ocasião que apaixonou as opiniões públicas internacionais, o caso Chessman.. O Bolhosa na Bertrand, talvez a mais antiga editora e livraria do país

Os Fernandes da Portugália, o Salgueiro da Inquérito, este muito perseguido, pelo tipo de obras que publicava, ainda que de ciência como Bento de Jesus Caraça., O José Cardoso Pires na Arcádia. Na Morais o Alçada Baptista, os irmãos Manso Pinheiro na Estampa, O José Cruz Santos na Inova do Porto, um editor de gosto cultural muito apurado quer pelo conteúdo e natureza das obras que editava, quer pelo cuidado gráfico,as capas eram de autoria de Armando Alves, um vulto criativo das artes gráficas desse tempo. Os desenhos de José Rodrigues em obras maiores, como o álbum Poemas de Eugénio de Andrade.

De um modo geral, os editores editavam movidos pelo prazer de editar, com uma preocupação de serem uma parte importante no desenvolvimento cultural de um povo avesso a leituras que não fossem folhetinescas e de cordel.

Havia ainda um conjunto de editores que se destacavam pelo amor à divulgação de obras e autores que saíam do circuito comercial próprio de qualquer negócio. Cuja preocupação primeira não era o lucro, mas tão só, afrontar o sistema com obras consideradas malditas ou impróprias para consumo dos Portugueses.

Destaco Fernando Ribeiro de melo, pela sua irreverência e figura pública exuberante, não só pelo bigode tipo Salvador dali, como pelas conotações que corriam de que era Sado Masoquista. Ficaram célebres as edições de Sartre e Natália  Correia entre outras e a originalidade de lançamentos feitos numa banheira ou em passeios de carroça descendo a Avª de Liberdade.

O Victor Silva Tavares e as suas edições em papel kraft de autores de grande projecção cultural, mas de diminuta aceitação comercial,  uma originalidade absoluta em termos editoriais. A Ática, a Meridiano e a Contra Ponto do escritor maldito Luís Pacheco.  Escrever no rossio, numa mesa ambulante, junto ao café Gelo, cravando a quem passava. Ou percorrendo os escritórios dos grandes senhores da finança, como o Vinhas a quem cravava aos cem e quinhentos, pela venda de uma primeira edição. O amor de editar.

A primeira editora rica de raiz que se estabeleceu em Portugal, quero crer que foi a D.Quixote, da Snu Abecassis, uma editora que satisfazia um sonho e que se propunha intervir e interveio, com a célebre história aos quadradinhos de Mafalda a Contestatária.O Nelson de matos que a comprou, depois da morte da Snu, procurou dar-lhe o mesmo cunho apaixonado, e deu, mas não aguentou as novas mudanças dos tempos , porque não tinha as mais valias financeiras da fundadora, e viu-se obrigado a vender ao estrangeiro.

O livro era um mercado pobre, porque atrairia tantos devotos? Eram baratos, as margens curtas, não tendo crescido os ordenados na proporção, não sendo feitos de papiros do Egipto, não havendo tantos fogos nesse tempo, porque terão encarecido tanto, nos dias de hoje, se se tornou uma indústria de milhões, com direito a compras bilionárias de Editoras pesadas?

As Livrarias quase se contavam pelos dedos, A Bertrand, as Noticias, Sá da Costa, Portugal e Lello, A Rodrigues, do Macedo das resinas, rico e sovina, regateava um tostão, o Centro do Livro Brasileiro, A Petrony jurídica, a Barata, a Quadrante e a Livrelco que era uma livraria cooperativa de estudantes, progressista e onde pontificava um homem de grande saber e cultura, o Nuno, hoje na Galileu. A Ulmeiro do José Ribeiro, a Opinião, o Hipólito que me desapareceu, isto em Lisboa.

Em todo o país, para encontrar uma livraria teriamos de ir a Coimbra, Porto e Braga. No restante havia casas que vendiam livros.

Todos os profissionais que laboravam  neste ramo de Comércio padeciam de um elo comum, a sua ligação visceral ao livro e à cultura de que ele era veículo. O cheirar a novidade, o aroma resinoso do papel, o cheiro vivo ta tinta, a forma idolatra com que se desfolhava cada folha. os olhos húmidos da emoção dos desenhos ou fotos das capas, dos  caracteres tipográficos, um pormenor de estilo, uma marca de editor.Era uma espiral de amor que unia toda a pirâmide desde o editor ao carregador que fazia as entregas a pé.

O mundo da edição de hoje, alterou-se substancialmente. É uma indústria onde o que conta são os rácios de produtividade puramente económicos. Assiste-se à concentração perigosa de todo o mundo da edição. Há uma crise acentuada de valores em todo o país que é um reflexo, sempre, do que se passa no resto do mundo, mas elevado em grau e potências superiores. Os livros vendem-se pela sedução induzida das capas e dos efeitos publicitários. A imprensa e os outros meios de comunicação, atraem os leitores fabricando mitos e factos aleatórios que não libertam quem procura na leitura uma libertação interior. Um cultivar do ser e do saber mais e profundamente.

Subsistem , igualmente, pequenas editoras que procuram na segmentação de mercados, uma hipótese de sobre vivência.  A Novalis do grande humanista, António rosa, um homem que se reparte em multi-funções de amor a causas que elegeu como parte da sua vivência de pessoa, abraçou a especialidade em Astrologia e outros temas cósmicos e de auto ajuda, com um propósito de servir, de ser parte de uma nova ordem emergente, mas paga a que preço, só ele sabe, eu apenas imagino, em afectações pessoais, familiares e financeiras, que não lhe tiram o prazer, o amor de continuar a editar, de ganhar um espaço num mercado violento, desonesto, porque os grandes compram tudo o que é espaço de exposição e aos outros resta o favor,a simpatia efémera dum momento, o trabalho árduo pela conquista de um pouco de visibilidade. A Pergaminho, a Assírio, A Campo das Letras...

Todas as editoras que continuam apegadas a uma ideia  inteira de cultura, estão em dificuldades. Em breve haverá dois ou três grupos apenas...

Onde havia respeito pela diferença e pela identidade, hoje há atropelo e desprezo pela aventura de se editar por amor, por devoção a um principio de rigor ético e de missão.

Curiosamente, era antes que o país vivia em ditadura.!....Mas esta Democracia estranha que vivemos, de valorizações fictícias em bolsa, da riqueza, de capitais oriundos de obscuras proveniências, que arrasam tudo o que os incomode na sua passagem, ou compram ou asfixiam, tem os dias contados...

 

 

23
Set08

MEMÓRIAS DO TEMPO DE GUERRA - SILÊNCIOS

romanesco
andanças

A noite é selvaticamente serena.
O atito irritante dos mosquitos,colide com o arfar abafado de alguém que se masturba, na individualidade do beliche, na intimidade inventada entre centena e meia, de corpos que se mexem e sonham. Os olhos fechados em mentes alucinadas. O silêncio quebrado a cada instante e reposto por segundos , breves, inaudíveis.
Renato não dorme. Ansiedade.
Um rosto fixo na memória recente que se recusa a partir. A deixar que as coisas andem.
A despedida , no cais de embarque, as correrias de quem quer acompanhar o navio por terra, ou impedi-lo de se fazer ao mar.
As lágrimas que correm, alegremente , e turvam a visão. Soltam-se na euforia da liberdade que deixa tristeza  do lado de dentro de onde se soltam.
A impotência de dizer não a esta partida forçada, imposta. Em nome da pátria.
Tinha pensado, insistentemente em fugir. falara-lhe, uma noite, com a cabeça deitada sobre as pernas dela, a saia subida, aspirando com deleite o aroma que lhe vinha do sexo.
Alexandra contrapunha com a punição. Crime de lesa pátria. E depois, ela acreditava na eternidade do nosso amor, não tinha como possível que me acidentasse tão longe.
Acreditava na vinda dele, Renato, ileso e pujante de vida para se fazerem ao mundo na força do amor que era o deles, como de ninguém mais. Havia um amor absoluto de cem em cem anos. O deles era o deste século. Para sempre.
Alexandra tinha-lhe pedido um dia uma definição de amor. Que coisa era esta, que sentimento, força, que queimava sem cesssar no peito e no cérebro, que se enredava na razão e se sobrepunha a que ocorresse um fio que fosse de lucidez e que explicasse a tempestade maravilhosa de nos sabermoos como um único, uma só vontade.,impelida para abismos de felicidade. E no entanto livres, confiantes de cada um de nós, sendo sem ser.
Renato, numa cama estranha, com odores diversos e ruídos sobrepostos, de dentro e de fora. tinham avisado que estaria eminente um ataque ao quartel. Era um hábito dos turras para testar as valias dos novos combatentes.Turras...Recorda Kafka. O processo...

Eles que defendem a terra  onde foram meninos, os pais, os avós, os animais ...São Turras por um absurdo das leis que não conhecem. Ou leis absurdas...
E agora, neste momento, como fazia sentido estudar, reflectir, inventar, criar, conceitos que dessem à palavra amor uma dimensão maior. Mas não só conceitos. Alianças firmadas entre as partes. A definição de amor, não pode sofrer interpretações subjectivas.
Fazer atrocidades às crianças é tão criminoso dum lado como do outro.
E mete-se a religião. Os deuses quue se intrometeram nas diversas tribos que constituem o mundo humano.
O mundo ocidental. O mundo Islamico. O Budismo...E dentro de cada um, as subdivisões. seitas que se digladiam e enriquecem à margem dos carenciados de afectos, arrastados por correntes, eivados da palavra transcrita do Senhor.
Acordou cansado, com a ideia de pesadelos nocturnos e traços vincados nas faces tisnadas. "Movia os braços como se fossem asas e sentia-se elevar. As balas passavam por baixo com um silvo agudo, mórbido. Havia montanhas e casas de vários andares. Ele Renato dava impulsos com o corpo, os pés, as pernas, em movimentos rápidos, como se andasse de bicicleta e sentia -se elevar, leve, leve e só, na cidade deserta.  Voava. E havia crateras enormes deixadas por bombas. E via o vulto de Alexandra, longe, esforçava-se, queria alcançá-la, mas sempre que se aproximava ela distanciava-se. E as balas por baixo em silvos agudos. Suores..."

 Colocava-se perante o dia com a moral em baixo. E isso não era conveniente. Diria mesmo que era uma traição aos compromissos. Vencer! Vencer!

Silêncio, silêncios...

 

07
Ago08

IATES, SEXO E REPUTAÇÂO...

romanesco

O meu avô era um homem de estatura elevada, louro, os olhos azuis, a tez clara mas escurecida pelo sol e pelas brisas marinhas, um farto bigode de pontas reviradas.

Herdou do pai uma frota de barcos de pesca que foi rentabilizando, diversificando as capturas e os apetrechos utilizados desde há séculos.

Um dia, cansado de procurar incessantemente o escoamento do pescado e de o vender ao desbarato para as fábricas que entretanto foram surgindo, fundou a sua própria fábrica de conservas de peixe.

Fez fortuna. Mandou o filho, que viria a ser o meu pai, findo o liceu, estudar na Universidade em Lisboa. Pagava o quarto numa pensão e dava-lhe uma mesada para que nada lhe faltasse.

O meu pai era um homem inteligente e dado ás letras. Gostava de ler e escrever artigos que um dia pensava publicar. Os estudos, na faculdade de letras, iam tendo resultados satisfatórios. O meu pai era possuidor de um grande brio familiar e empenhava-se para satisfazer o orgulho do patriarca que o financiava.

Um dia, num dos cafés frequentado por intelectuais, conheceu alguns escritores que discutiam os entraves colocados pela censura à edição dos seus romances, à aquisição de livros vindos do estrangeiro e fez amigos. Passou a frequentar as tertúlias e ai conheceu uma jovem e linda mulher, filha de um editor praticamente falido em consequência das apreensões de livros, ordenadas pela censura à policia politica.

Apaixonaram-se, os estudos foram relegados para um outro plano de prioridades. Falou com o pai e pediu-lhe dinheiro para comprar a editora, ou que a comprasse ele.

O pai, meu avô, deu-lhe o dinheiro e o meu pai comprou a Editora. Convidou alguns dos escritores que conhecera na tertúlia. Pôs em prática conhecimentos que fora adquirindo nos contactos no meio editorial. Adquiriu direitos de obras fundamentais para o desenvolvimento do que ele chamava: massificar a cultura  progressivamente. E a Editora prestigiou-se.

Casaram e tiveram dois filhos, o meu irmão e eu, o mais novo.

O meu irmão formou-se em Economia eu estudei Direito, mas não terminei. Fui criado com muito mimo e davam-me tudo o que eu queria. Havia dinheiro. A Editora em alta. A herança do meu avô que morrera entretanto, com a venda das fábricas, eram já duas, permitiam um desafogo que era quase um atentado à pobreza geral reinante no país.

A minha paixão eram os barco, Iates e mulheres bonitas.

Eu era um homem bonito, alto louro de olhos azuis, como o  meu avô, a pele levemente bronzeada dos odores marítimos e dos cremes que eu usava, fatos impecáveis, de bom corte, por medida, nos melhores alfaiates da cidade. E frequentava a alta roda das família bem. As mulheres derretiam-se para saírem comigo para o mar. No meu Iate.

 

 

 

"De Vento Em Popa"

 

 

Foram dias e noites escaldantes de prazer, sexo sem limites. era vê-las tão púdicas nos salões, no dia a dia da escola ou nas esplanadas e como se despiam de todos os preconceitos para me agarrarem. Ofereciam-me o céu a troco de nada.

Penso que despedacei muitos corações. Gerei ódios e agravos de reputação. Provavelmente pragas e esconjurações. Dizem que espatifei a fortuna da família. O bom nome...

 

Podia ser o inicio de uma história de vida romanceada, a envolver negócios, empresas de estilo familiar que ainda são o sustentáculo do país. E a tragédia que os apanha desprevenidos e vai condicionar toda a estrutura familiar futura. Ou o êxito de empreendimentos pessoais, conquistados e construídos  a pulso.

É o que me proponho. Escrever sobre vidas anónimas que valem as luzes da ribalta ou a fixação histórica e que traduzem a essência de um povo. Primeiro de uma família. Primeiro ainda, ou antes de tudo, a essência de um homem, de uma mulher.

Escreverei por encomenda, preços de acordo com extensão e pesquisa de documentação. Mas com a paixão que o percurso proposto me suscitar.

Aguardo a vossa proposta.

 

J.R.G. 

25
Jul08

EMIGRANTES OU MIGRANTES QUE CONSTRUIRAM CASTELOS...

romanesco

Catarina é hoje uma mulher realizada. Tem uma vida confortável. Uma família própria, marido e filho, a sua própria empresa.

É uma mulher apaixonada que cresceu feliz no seio de uma família tradicional. Que ama e é amada. Depois de algumas aventuras, experiências mal sucedidas encontrara o par certo, Adelino Boaventura. Um homem que subiu à sombra da fortuna e das empresas do sogro, mas que tinha a humildade de ser uma peça fundamental sem arrogância nem pretensões a ser senhor do que quer fosse.

Verdade se diga , que o sogro, Sérgio Fagundes, lhe reconhecia o mérito, e por diversas vezes confessara aos dois, à filha e ao genro, que grande parte do êxito das empresas se devia ao profissionalismo e rigor técnico de Adelino, e à sua entrega.

Catarina. Em frente o mar em tons esverdeados nesta tarde friorenta de Outono a convidar ao retorno de memórias que viveu ou que lhe foram confiadas em serões de terna felicidade.

Como fora que o pai chegara aonde chegaram todos. Mas antes do pai, fora o seu avô, Salvador Fagundes que emigrara para o Brasil sem cheta no bolso, ao encontro de familiares antigos quase extintos na linha biológica de descendência.

E como fora que o avô fizera fortuna e mandara ir o filho, Sérgio? Catarina pensava que havia umas cartas e outros documentos, fotografias, no sótão da casa.

Reconstituir o percurso da família. Aproveitar ainda o pai vivo e alguns tios que teriam, por ventura, visões diferentes. Ouvira falar em roubo de diamantes, ou apropriação pouco licita.

O avô tinha uma espécie de diário contabilístico. E defendera-se dessa acusação que lhe chegara aos ouvidos, longe. Vindas de cá, as calúnias. Excomungara a família, os irmãos que não quiseram partir como ele e ficaram nas leiras.

Sérgio ainda permaneceu no Brasil durante dez anos, mas dava-se mal com o clima, os mosquitos, apanhou febres, quase morria. O pai arranjou-lhe um dinheiro e umas peças preciosas. Que vendesse em Lisboa,  à chegada, havia uma casa que comprava tudo o que os emigrantes levavam do Brasil. E foi e vendeu.

Voltou a casa rico  e sem esquecer a namorada que esperara por ele estes anos todos. Era um homem de principios éticos, de valores humanitários,

Casaram  numa grande romaria e vieram para Lisboa. E foi na Capital que se dedicou á edificação deste pequeno império que os sustinha a todos.

Catarina nem dera pelo cair da noite. Entrou no carro e conduziu devagar, rememorando episódios e visionando uma ideia de registo de todas as peripécias, ainda antes que o pai morresse. Seria uma prenda de sonho.

Podia ser o inicio de uma história de vida romanceada, a envolver negócios, empresas de estilo familiar que ainda são o sustentáculo do país. E a tragédia que os apanha desprevenidos e vai condicionar toda a estrutura familiar futura. Ou o êxito de empreendimentos pessoais, conquistados e construídos  a pulso.

É o que me proponho. Escrever sobre vidas anónimas que valem as luzes da ribalta ou a fixação histórica e que traduzem a essência de um povo. Primeiro de uma família. Primeiro ainda, ou antes de tudo, a essência de um homem, de uma mulher.

Escreverei por encomenda, preços de acordo com extensão e pesquisa de documentação. Mas com a paixão que o percurso proposto me suscitar.

Aguardo propostas.

 

23
Jul08

A LUÍS SIMÕES, TRANSPORTES E LOGISTICA

romanesco

Leonel Simões era cabo quarteleiro e tinha à sua responsabilidade todo o armamento e munições que estava consignado à Companhia.

Era oriundo de uma família batalhadora que se dedicava ao transporte de mercadorias e entregas diversas. Um negócio que ia pagando as despesas e permitia uma vida despreocupada mas sem grandes desafogos. A Luis Simões transportes.

A guerra retirara a sua preciosa colaboração à pequena empresa onde o pai era a alma e o corpo que a fazia ímpar no ramo.

Leonel era um jovem empreendedor. Tinha ideias que germinavam como cogumelos em mata húmida. Na guerra, onde o calor e a humidade levavam a maioria à cantina, Luís magicava oportunidades.

Verificou que os militares gostavam de tirar fotografias, mas que, tendo máquinas, tendo motivos, não tinham como as revelar, tornar reais, passiveis de testemunhar as suas realidades e ou fantasias.

Leonel montou um pequeno e rudimentar laboratório para revelação de fotografias e fez dinheiro enquanto  a maioria se espraiava pelas sombras do ócio.

Quando regressou, a casa, encontrou a velha empresa em dificuldades com a concorrência emergente, dadas as condições que entretanto se abriram à criação de negócios, pela abertura politica que o antigo regime, renovado, permitia, ainda que dentro dos parâmetros das velhas famílias dominantes da economia.

Leonel obteve o acordo do pai e dos irmãos e lançou mãos à modernização da empresa, da frota, dos objectivos estratégicos. Colocar em prática tudo o que pensara nos dias e nas noites longe, onde o calor e a humidade uniam forças, ele manteve as ideias em zona temperada para que fluíssem. E fluíram.

Mas podia ter sido o Luís Simões, ou o Jorge Simões, os ideólogos estratégicos que

transformaram a Luís Simões numa das maiores empresas de distribuição e logística da Península Ibérica.

....

Podia ser o inicio de uma história de vida romanceada, a envolver negócios, empresas de estilo familiar que ainda são o sustentáculo do país.

É o que me proponho. Escrever sobre vidas anónimas que valem as luzes da ribalta ou a fixação histórica e que traduzem a essência de um povo. Primeiro de uma família. Primeiro ainda, ou antes de tudo, a essência de um homem, de uma mulher.

Escreverei por encomenda, preços de acordo com extensão e pesquisa de documentação.. Mas com a paixão que o percurso proposto me suscitar.

Aguardo propostas.

 

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