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BIOCRÓNICAS

CRIAR BIOGRAFIAS OU CRÓNICAS ROMANCEADAS DE PESSOAS OU EMPRESAS

BIOCRÓNICAS

CRIAR BIOGRAFIAS OU CRÓNICAS ROMANCEADAS DE PESSOAS OU EMPRESAS

10
Mar10

MULHER LIVRE

romanesco

 

Como é possível no mundo haver

 Olhos belos tanta tristeza

Apenas por ser uma mulher

E tida por de maior fraqueza

 

Quando vejo os olhos dela

Que rutilam sorridentes

Senhora de saberes tão bela

Lanço gritos estridentes

 

É mãe mulher amante

E livre no pensamento e ser

Não há homem por mais tratante

Que não lhe deva viver

 

Quando vejo os olhos dela

Entre estrelas cintilantes

De natureza tão bela

Seus perfumes fascinantes

 

Que vileza cobardia nela bater

Violentá-la no eu na mente

Todo o homem que se ri do seu sofrer

É um aborto gorado má semente

 

 

 

Quando vejo os olhos dela

Doces lânguidos meigos de ternura

Mal posso imaginar que sendo bela

Seja vítima de maus tratos de tortura

 

Que lentidão para reconhecer

Sua dinâmica e força superior

Quanto tempo pode durar para viver

Na era da mulher plena a seu favor

 

Quando vejo os olhos dela,

Na luz do sorriso, radiantes

Exorto a criadora pura e bela

A aproximar os mundos tão distantes

 

Que absurdo este legislar

Sobre direitos absolutos naturais

Nada pode impedir uma mulher de dar

Educação e sentido aos homens colossais

 

Quando vejo os olhos dela

Azuis ou verdes pretos castanhos

Ou de outras cores que a fazem bela

Incito-a a libertar-se de medos estranhos

 

Que toda a mulher se permita a ousadia

De ser o rosto sonhado da justiça

Não só cantada em versos de dúctil poesia

Mas tida em conta como mais valia ética

***

Quando vejo os olhos dela

Febris de amor ou sofrimento

Fico suspenso de saber se de tão bela

É agora chegado o seu momento

 autor: JRG

 

07
Mar10

MEDO...

romanesco

 

 

 

 

 

 

aqui estou eu postado

sentinela avançada do meu medo

vestindo a personagem do soldado

numa guerra que me dita este degredo

 

vêm de longe do homem a quatro patas

todo o saber acumulado é-me indiferente

o homem antes de ainda andar de gatas

não era esta máscara que hoje nos mente

 

moldamos o carácter procura inglória da perfeição

desde as origens o homem crescendo meio razão meio selvagem

por muito que lhe adocem com ternura o coração

se sente a ameaça é na barbárie vítima e carrasco da  voragem

 

autor:JRG

 

25
Jan10

A POESIA...

romanesco

a poesia

pode ser racional

lírica

útil

 

a poesia

pode ser rústica

barroca romântica

táctil

 

a poesia

pode ser lasciva

erótica

subtil

 

a poesia

pode ser de combate

irosa

hostil

 

a poesia

pode ser a força

a vida a morte

fútil

 

a poesia

pode ser um homem uma mulher

de amor

dúctil

 

a poesia

tem de ser da alma

e sentir-se sentindo

sentir

 

autor: JRG

 

26
Dez09

ASPECTOS DA VIDA DE UM HOMEM...

romanesco
PARTE III
 
 
O Paulo, a Mila e a restante família que eles são, convivem amiúde e resolvem programar uma viagem em conjunto à África do Sul, só os quatro, sem os miúdos, o que não agrada muito a Ana, deixar os filhos...mas deixa-se entusiasmar com a ideia, cedendo aos argumentos de Paulo, o ambiente inóspito para os miúdos, a maior mobilidade a que poderiam permitir-se.
Paulo gosta particularmente de África, de Itália, Grécia, fica eufórico com a possibilidade de realizar esse sonho e confia plenamente na planificação de Maria Emília, do seu conhecimento profundo dos cheiros e sabores enigmáticos que rodeiam o continente negro.
Paulo Jorge tem um livro que é seu companheiro inseparável, um tesouro da alma, onde rabisca desenhos, de pessoas, de monumentos… e regista apontamentos emotivos ou de aspectos salientes das viagens, é o seu livro de memórias pictográficas que partilha com outros intervenientes, a quem pede que desenhem, que escrevam palavras que expressem sentimentos, como uma marca de água da alma. Sente um orgulho exuberante do seu livro. Ele chama rabiscos ao que Mila considera manifestações da sua veia artística. É um facto que Paulo intimamente reconhece que gosta das palavras dela, da forma como ela sente a valia dos seus desenhos, do calor que ela imprime na apreciação das suas qualidades de homem e de amigo e pensa que um homem não pode nem deve isolar-se que a vida humana, como nos outros animais entre si, tem pessoas extraordinárias, de uma riqueza espiritual que se complementa na partilha de gestos, de emoções, de vivências.
Mila é uma mulher com essa riqueza de emoções raramente encontrada em outras amizades que tivera. Discute, muitas vezes os pormenores menos visíveis, se não concorda e entende a amizade como ele próprio, uma busca incessante de ser em alguém um espelho fora da dimensão do casal, um espelho desapaixonadamente apaixonante. É uma situação complexa e difícil de aceitar, sem uma ponta de ciúme, por outra mulher e ele nota que Ana sempre que participa nos eventos que organizam, as degustações, em restaurantes que escolhem pela qualidade dos produtos e do serviço que prestam, se retrai, se interroga, e que por vezes se silencia, se ausenta a pretexto dos filhos. E por mais de uma vez ao surpreende-lo, os olhos fixos numa imagem, um corpo de mulher, vistosa, o questionou.
É verdade que tem um fascínio pelo belo e pensa que a mulher, quando bela, é um ser fascinante, na exuberância dos gestos, na pose natural, na forma como fala, na expansão que provoca de ressonâncias silenciosas, a sua evidência feminina que pode muito bem ser considerada origem e fim de toda a criação. Arte, pura arte, é como Paulo encara essa absorção súbita e contemplativa em que cai, por espaços de tempo, numa pausa suspensa de atracções fortuitas, livres do caos libidinoso em que mergulha a mente no comum dos mortais. Mas O Paulo, sendo, não é um homem comum…
Desde novo rebelara-se contra os preconceitos existentes na sociedade em que se inseria, detestava ser subserviente de vivências absurdas e procurava rodear-se de essências que o complementavam ou lhe permitissem a extrapolação de si para um patamar existencial onde ele fosse o actor principal, sem soberbas, mas porque se sentia impulsionado para ser o autor do seu modo de viver, engajado nele próprio, cúmplice nas perdas e nos ganhos. Mila tem sido grande impulsionadora para que se reveja nas suas complexidades, nem sempre racionalizadas nas suas convicções.
Ana. É um facto que a paixão dos primeiros momentos não tem a mesma chama, mas Paulo tem por Ana uma grande ternura e admiração, aceita o sendo que uma relação é, consubstanciada em amor, ternura, amizade e respeito pela identidade, pela mudança. A alteração dos cheiros do corpo, também no dele, se não for entendida que há como que uma mutação permanente em tudo do corpo, a fisionomia, a graciosidade da juventude, porque é na alma que subsiste a diferença e na memória que se revitaliza a substância de uma relação de amor, o estado da alma, o acordar dos genes em cada manhã.
A construção da pessoa, da sua personalidade, a sua essência é geradora de mudanças inevitáveis, perceber isso, redimensionar-se a cada etapa, a cada desassossego. Às vezes pensa em bigamia, poligamia, alma livre e responsável, uma revolução dos conceitos, o refrescar da chama a cada abrandamento do sentir do coração. Retrocede, refugia-se na prática já milenar do hábito sobre o casamento, a fidelidade ao juramento nupcial, a lealdade aos princípios do berço, mas não esconde que gosta de discutir o tema, de se aprofundar.
O amor é anormalmente possessivo, o meu marido…, a minha mulher… E Paulo sente a necessidade de, num espaço solitário de si, extrapolar-se no lado de lá da família, isolar-se e olhá-los dentro e fora de si próprio: Ana, os filhos, Diogo, tão inteligente, tão parecido com ele, orgulhoso de se rever em alguns dos aspectos do filho e Inês, definitivamente a mais bela de todas as mulheres que vira ou fixara até então. Ele perante ele e sente que é um homem íntegro.
A amizade é um outro enigma da alma, Paulo sabe dos interesses de amizades sem princípios, de circunstância, de fuga a respostas urgentes e imediatas. Conhece bem essas amizades sempre presentes na alegria, na abundância e que se auto-suspendem perante a urgência dum desprendimento de interesse próprio, de se empenharem na resolução do problema, hoje eu, manhã tu, ou sempre eu que sou a parte mais frágil, ou sempre tu, sem contagem de quantos favores, sem considerar isso de favores, ser na amizade do outro, ao outro, uma evidência da alma, da condição humana. A amizade que perdura para além da discórdia, que afronta as nossas convicções que nos faz regressar à terra sempre que alunamos e ao lado de quem nos sentimos maravilhosamente, ainda que distantes no espaço físico, ainda que nos silêncios que transmitem emanações de confiança. Amizade solta, forte e profunda, mas livre de preconceitos, de todos os preconceitos, cúmplice de intimidades, de segredos partilhados na sã convicção de que são reflexivos, os segredos,  e se enovelam uns nos outros apenas com a intenção de nos amedrontar.
A viagem à África do Sul foi fascinante, um deleite na riqueza exuberante das paisagens, nos cheiros ímpares, nos sabores experimentados e reconhecidos como de excepção e no fortalecimento da concepção de que há algo de mágico naquele ambiente enigmático, nos sorrisos das pessoas, os olhos negros, brilhantes e indecisos ou interrogativos.
Paulo gravou, com o seu punho, impressões fantásticas no livro de registos, onde se revê num qualquer ressurgimento de um espaço de saudade e colheu preciosidades, desenhos, frases com e sobre motivos étnicos, rabiscapintarolados por si próprio e pelos naturais Africanos. Um sonho embebido de realidade.
África, que era já uma paixão que o tomava no seu imaginário, aprofundava-se nele, agora, numa ligação mais intimista com a ancestralidade do homem, como se fora nela, desde as origens.
O livro, aliás, é já um testemunho da sua própria vivência erradia, é o local mais livre em que ele, Paulo se encontra consigo e se transcende.
expressem sentimentos, como uma marca de água da alma. Sente um orgulho exuberante do seu livro. Ele chama rabiscos ao que Mila considera manifestações da sua veia artística. É um facto que Paulo intimamente reconhece que gosta das palavras dela, da forma como ela sente a valia dos seus desenhos, do calor que ela imprime na apreciação das suas qualidades de homem e de amigo e pensa que um homem não pode nem deve isolar-se que a vida humana, como nos outros animais entre si, tem pessoas extraordinárias, de uma riqueza espiritual que se complementa na partilha de gestos, de emoções, de vivências.
Mila é uma mulher com essa riqueza de emoções raramente encontrada em outras amizades que tivera. Discute, muitas vezes os pormenores menos visíveis, se não concorda e entende a amizade como ele próprio, uma busca incessante de ser em alguém um espelho fora da dimensão do casal, um espelho desapaixonadamente apaixonante. É uma situação complexa e difícil de aceitar, sem uma ponta de ciúme, por outra mulher e ele nota que Ana sempre que participa nos eventos que organizam, as degustações, em restaurantes que escolhem pela qualidade dos produtos e do serviço que prestam, se retrai, se interroga, e que por vezes se silencia, se ausenta a pretexto dos filhos. E por mais de uma vez ao surpreende-lo, os olhos fixos numa imagem, um corpo de mulher, vistosa, o questionou.
É verdade que tem um fascínio pelo belo e pensa que a mulher, quando bela, é um ser fascinante, na exuberância dos gestos, na pose natural, na forma como fala, na expansão que provoca de ressonâncias silenciosas, a sua evidência feminina que pode muito bem ser considerada origem e fim de toda a criação. Arte, pura arte, é como Paulo encara essa absorção súbita e contemplativa em que cai, por espaços de tempo, numa pausa suspensa de atracções fortuitas, livres do caos libidinoso em que mergulha a mente no comum dos mortais. Mas O Paulo, sendo, não é um homem comum…
Desde novo rebelara-se contra os preconceitos existentes na sociedade em que se inseria, detestava ser subserviente de vivências absurdas e procurava rodear-se de essências que o complementavam ou lhe permitissem a extrapolação de si para um patamar existencial onde ele fosse o actor principal, sem soberbas, mas porque se sentia impulsionado para ser o autor do seu modo de viver, engajado nele próprio, cúmplice nas perdas e nos ganhos. Mila tem sido grande impulsionadora para que se reveja nas suas complexidades, nem sempre racionalizadas nas suas convicções.
Ana. É um facto que a paixão dos primeiros momentos não tem a mesma chama, mas Paulo tem por Ana uma grande ternura e admiração, aceita o sendo que uma relação é, consubstanciada em amor, ternura, amizade e respeito pela identidade, pela mudança. A alteração dos cheiros do corpo, também no dele, se não for entendida que há como que uma mutação permanente em tudo do corpo, a fisionomia, a graciosidade da juventude, porque é na alma que subsiste a diferença e na memória que se revitaliza a substância de uma relação de amor, o estado da alma, o acordar dos genes em cada manhã.
A construção da pessoa, da sua personalidade, a sua essência é geradora de mudanças inevitáveis, perceber isso, redimensionar-se a cada etapa, a cada desassossego. Às vezes pensa em bigamia, poligamia, alma livre e responsável, uma revolução dos conceitos, o refrescar da chama a cada abrandamento do sentir do coração. Retrocede, refugia-se na prática já milenar do hábito sobre o casamento, a fidelidade ao juramento nupcial, a lealdade aos princípios do berço, mas não esconde que gosta de discutir o tema, de se aprofundar.
O amor é anormalmente possessivo, o meu marido…, a minha mulher… E Paulo sente a necessidade de, num espaço solitário de si, extrapolar-se no lado de lá da família, isolar-se e olhá-los dentro e fora de si próprio: Ana, os filhos, Diogo, tão inteligente, tão parecido com ele, orgulhoso de se rever em alguns dos aspectos do filho e Inês, definitivamente a mais bela de todas as mulheres que vira ou fixara até então. Ele perante ele e sente que é um homem íntegro.
A amizade é um outro enigma da alma, Paulo sabe dos interesses de amizades sem princípios, de circunstância, de fuga a respostas urgentes e imediatas. Conhece bem essas amizades sempre presentes na alegria, na abundância e que se auto-suspendem perante a urgência dum desprendimento de interesse próprio, de se empenharem na resolução do problema, hoje eu, manhã tu, ou sempre eu que sou a parte mais frágil, ou sempre tu, sem contagem de quantos favores, sem considerar isso de favores, ser na amizade do outro, ao outro, uma evidência da alma, da condição humana. A amizade que perdura para além da discórdia, que afronta as nossas convicções que nos faz regressar à terra sempre que alunamos e ao lado de quem nos sentimos maravilhosamente, ainda que distantes no espaço físico, ainda que nos silêncios que transmitem emanações de confiança. Amizade solta, forte e profunda, mas livre de preconceitos, de todos os preconceitos, cúmplice de intimidades, de segredos partilhados na sã convicção de que são reflexivos, os segredos,  e se enovelam uns nos outros apenas com a intenção de nos amedrontar.
A viagem à África do Sul foi fascinante, um deleite na riqueza exuberante das paisagens, nos cheiros ímpares, nos sabores experimentados e reconhecidos como de excepção e no fortalecimento da concepção de que há algo de mágico naquele ambiente enigmático, nos sorrisos das pessoas, os olhos negros, brilhantes e indecisos ou interrogativos.
Paulo gravou, com o seu punho, impressões fantásticas no livro de registos, onde se revê num qualquer ressurgimento de um espaço de saudade e colheu preciosidades, desenhos, frases com e sobre motivos étnicos, rabiscapintarolados por si próprio e pelos naturais Africanos. Um sonho embebido de realidade.
África, que era já uma paixão que o tomava no seu imaginário, aprofundava-se nele, agora, numa ligação mais intimista com a ancestralidade do homem, como se fora nela, desde as origens.
O livro, aliás, é já um testemunho da sua própria vivência erradia, é o local mais livre em que ele, Paulo se encontra consigo e se transcende.

 

 

autor do texto: J:R:G

 

nota:

este é um capítulo dum pequeno livro, formato A/5, 32 páginas, que criei sob encomenda, fixando aspectos da vida de um homem e as teias que entrelaçam a amizade e consubstanciam um modo de viver.

Foi uma oferta de Natal, mas pode ser uma oferta de aniversário, de amor, de amizade, aguardo os vossos contactos.

o autor: jrg

23
Dez09

NINGUÈM TEM O DIREITO DE MATAR UM FILHO MEU!...

romanesco

ninguém tem o direito de matar um filho meu

porque ele é parte de mim e da mulher mais pura

é gene amor ternura matá-lo só mesmo eu

que sou de mim e dela uma só loucura

 

vieram de longe com pés de encantamento

prometeram que seria homem fora da natura

e ele foi surdo e indiferente ao chamamento

que era de amor de pai e mãe na amargura

 

Foi levado voltou e foi de novo vezes sem fim

espoliou o ser e o parco património

a mente insana o corpo doente escanzelado

o pai sou eu gritei ao mundo levem-me a mim

imaginei matá-lo e ela e eu  mais o demónio

que é da alma de menino inteligente e tão mimado?

 

não há pior tormento que ver um filho amado

ser repasto de abutres famintos de dinheiro

e ser impotente perante a lei triste legado

que forja a crise instante que abate o mundo inteiro

 

de súbito regressou para ficar vinha doente

veio à boleia da rotação da terra

a doença é um estigma que impede o salto em frente

mas ele veio decidido  a vencer e grita e berra

 

lá vai era um menino quando foi levado

o riso cristalino a personalidade

a reconstruir-se de novo rumo ao norte

a esperança de ser no novo mundo um aliado

no silêncio choram os meus olhos sem idade

embevecido de o ver andar lesto e forte

 

lá vai é o meu menino rumo certeiro

sorri de novo aprende jogando

leva no corpo um vírus cínico matreiro

mas tem na alma amor e está amando

 

lá vai meu espermatozóide endiabrado

que bom ceder ao tempo não o matei

hoje é um exemplo da vontade está domado

às leis do pensamento que eu amei

 

autor: JRG

 

 

 

 

01
Dez09

REMOS SÃO RUMOS DA VIDA

romanesco

os remos que impelem o bote

tão passivos quando inertes

não têm vida nem morte

são o rumo que lhes impeles

 

são força de vontades e mestria

de homens tenazes de mãos rudes

são memórias de barbatanas que havia

num tempo ainda antes dos Mamutes

 

mergulham na água mansa do rio

motores possantes ou indolentes

aquecem a alma do agreste frio

traçam rotas cortam correntes

 

lembro os remos das galés

e outros bem mais recentes

castas de nobres e das ralés

condenados sem apelo ou inocentes

 

ou numa família feliz

num dos lagos da cidade

o remo nas mãos de um petiz

que me lembra outra idade

 

autor: JRG

28
Nov09

GOSTAR DE MIM MULHER!...

romanesco

 

 

 

 

imagem pública tirada da net

*

 

GOSTAR DE MIM MULHER!...

*

gostar de mim mulher

é olhar-me no espelho pela manhã

serena ou com raiva dizer

não há rosto mais belo em mente sã

ainda que se note sombra ou pé de galinha

ou um olhar baço entristecido

gritar que não há cara mais linda que a minha

e sorrir para o coração embevecido

 

É vestir a alma dum poema

que exalte expondo o brilho nela escondido

que solte do pulso a falsa algema

e projecte a confiança em bom sentido

 

É deixar-se inundar de tanta alegria

olhar o corpo de fora e dentro

sentir que não saber é sabedoria

para aprender em cada dia o som do vento

 

gostar de mim mulher é toda eu ser

dentro da coragem a ousadia

envolver no poema a esperança de viver

acordar a força na paz da poesia 

 

autor: JRG

 

21
Nov09

MEMÓRIAS DO HOMEM...

romanesco

lembro há milénios

quando chovia

a festa dos neurónios

as cores da floresta a euforia

 

lembro de olharmos o sol a lua

o céu estrelado

de a alma vaguear toda nua

da sesta após o repasto regalado

 

lembro os cheiros do Planeta

as queimadas naturais

a plumagem colorida das aves o cometa

que deixava um rasto mágico vendavais

 

lembro quando éramos

do belo a cercadura

escolhíamos pelo aroma não erramos

a fêmea que no cio nos emoldura

 

lembro de observar outras espécies

quando a cada uma cabia o seu lugar

como faziam ponte túneis face às intempéries

e se digladiavam pelo pão em luta salutar

 

lembro de aprender que humildade

se for fraqueza subserviente

é escravatura do homem rude pelo da cidade

e não traz a quem serve maior riqueza

 

lembro a descoberta

que o homem fez da razão pura

ao ver-se na solidão de alma aberta

e de como se achou na actual loucura

 

autor: JRG

05
Nov09

NAS AVENIDAS DA CIDADE

romanesco

 

foto tirada da net

 

 

nas avenidas da cidade ruidosas

de um e outro lado prédios gigantes

num dos passeios árvores de porte majestosas

no outro mulheres e homens crianças  passantes

 

nas árvores de copas frondosas

quando o sol se esconde emana a sinfonia

milhares de bicos se ajeitam nas ramas ardilosas

soltam pios estridentes doce harmonia

 

na noite prolongam o dia  à luz dos candeeiros

alguns pios são de dor outros de alegria

na nossa alma plantam talvez prazenteiros

excitações que antes a noite denegria

 

no ruído dos veículos pelo asfalto da avenida

encadeados pela luz dos faróis potentes

a chilreada sobe de tom em forma aguerrida

como quem pede silêncio em diálogos ausentes

 

no alto da cidade mora tanta gente

e aves que nidificam na copa das árvores

que fazem amor e filhos que os alimente

na perpetuação da espécie em seus amores

 

numa pausa de motores um velho e uma criança

ouves psiuuu...é o canto dos passarinhos

ouço avô eu já te disse que é ainda tempo de esperança

enquanto houver espaço para todos em seus ninhos

 

autor: JRG

24
Out09

NO REINO DE LIRA

romanesco
no reino de Lira
havia um jardim
e uma flor rara que ninguém vira
no reino de Lira cheira a jasmim
nas pétalas da ira
do meu frenesim
 
de lira em seu reino
há vistosas mil cores
pétalas aromadas de  perfume inteiro
de Lira em seu reino os  meus amores
perdido fiel jardineiro
num jardim sem flores
 
de Lira em reino seu
renasce a esperança
o vento espalhou nas plantas o gineceu
como o sémen de que brota uma criança
o jardim floriu floresceu
plantou na alma confiança
 
autor: JRG
 

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