ninguém tem o direito de matar um filho meu
porque ele é parte de mim e da mulher mais pura
é gene amor ternura matá-lo só mesmo eu
que sou de mim e dela uma só loucura
vieram de longe com pés de encantamento
prometeram que seria homem fora da natura
e ele foi surdo e indiferente ao chamamento
que era de amor de pai e mãe na amargura
Foi levado voltou e foi de novo vezes sem fim
espoliou o ser e o parco património
a mente insana o corpo doente escanzelado
o pai sou eu gritei ao mundo levem-me a mim
imaginei matá-lo e ela e eu mais o demónio
que é da alma de menino inteligente e tão mimado?
não há pior tormento que ver um filho amado
ser repasto de abutres famintos de dinheiro
e ser impotente perante a lei triste legado
que forja a crise instante que abate o mundo inteiro
de súbito regressou para ficar vinha doente
veio à boleia da rotação da terra
a doença é um estigma que impede o salto em frente
mas ele veio decidido a vencer e grita e berra
lá vai era um menino quando foi levado
o riso cristalino a personalidade
a reconstruir-se de novo rumo ao norte
a esperança de ser no novo mundo um aliado
no silêncio choram os meus olhos sem idade
embevecido de o ver andar lesto e forte
lá vai é o meu menino rumo certeiro
sorri de novo aprende jogando
leva no corpo um vírus cínico matreiro
mas tem na alma amor e está amando
lá vai meu espermatozóide endiabrado
que bom ceder ao tempo não o matei
hoje é um exemplo da vontade está domado
às leis do pensamento que eu amei
autor: JRG