EMIGRANTES OU MIGRANTES QUE CONSTRUIRAM CASTELOS...
Catarina é hoje uma mulher realizada. Tem uma vida confortável. Uma família própria, marido e filho, a sua própria empresa.
É uma mulher apaixonada que cresceu feliz no seio de uma família tradicional. Que ama e é amada. Depois de algumas aventuras, experiências mal sucedidas encontrara o par certo, Adelino Boaventura. Um homem que subiu à sombra da fortuna e das empresas do sogro, mas que tinha a humildade de ser uma peça fundamental sem arrogância nem pretensões a ser senhor do que quer fosse.
Verdade se diga , que o sogro, Sérgio Fagundes, lhe reconhecia o mérito, e por diversas vezes confessara aos dois, à filha e ao genro, que grande parte do êxito das empresas se devia ao profissionalismo e rigor técnico de Adelino, e à sua entrega.
Catarina. Em frente o mar em tons esverdeados nesta tarde friorenta de Outono a convidar ao retorno de memórias que viveu ou que lhe foram confiadas em serões de terna felicidade.
Como fora que o pai chegara aonde chegaram todos. Mas antes do pai, fora o seu avô, Salvador Fagundes que emigrara para o Brasil sem cheta no bolso, ao encontro de familiares antigos quase extintos na linha biológica de descendência.
E como fora que o avô fizera fortuna e mandara ir o filho, Sérgio? Catarina pensava que havia umas cartas e outros documentos, fotografias, no sótão da casa.
Reconstituir o percurso da família. Aproveitar ainda o pai vivo e alguns tios que teriam, por ventura, visões diferentes. Ouvira falar em roubo de diamantes, ou apropriação pouco licita.
O avô tinha uma espécie de diário contabilístico. E defendera-se dessa acusação que lhe chegara aos ouvidos, longe. Vindas de cá, as calúnias. Excomungara a família, os irmãos que não quiseram partir como ele e ficaram nas leiras.
Sérgio ainda permaneceu no Brasil durante dez anos, mas dava-se mal com o clima, os mosquitos, apanhou febres, quase morria. O pai arranjou-lhe um dinheiro e umas peças preciosas. Que vendesse em Lisboa, à chegada, havia uma casa que comprava tudo o que os emigrantes levavam do Brasil. E foi e vendeu.
Voltou a casa rico e sem esquecer a namorada que esperara por ele estes anos todos. Era um homem de principios éticos, de valores humanitários,
Casaram numa grande romaria e vieram para Lisboa. E foi na Capital que se dedicou á edificação deste pequeno império que os sustinha a todos.
Catarina nem dera pelo cair da noite. Entrou no carro e conduziu devagar, rememorando episódios e visionando uma ideia de registo de todas as peripécias, ainda antes que o pai morresse. Seria uma prenda de sonho.
Podia ser o inicio de uma história de vida romanceada, a envolver negócios, empresas de estilo familiar que ainda são o sustentáculo do país. E a tragédia que os apanha desprevenidos e vai condicionar toda a estrutura familiar futura. Ou o êxito de empreendimentos pessoais, conquistados e construídos a pulso.
É o que me proponho. Escrever sobre vidas anónimas que valem as luzes da ribalta ou a fixação histórica e que traduzem a essência de um povo. Primeiro de uma família. Primeiro ainda, ou antes de tudo, a essência de um homem, de uma mulher.
Escreverei por encomenda, preços de acordo com extensão e pesquisa de documentação. Mas com a paixão que o percurso proposto me suscitar.
Aguardo propostas.