TODOS OS ANOS...OS ANOS !...
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lembro-me de quando fazia anos...
a magia no desembrulhar das surpresas...
as mãos tantas vezes vazias...
as palavras que limitavam os danos...
os olhares que apagavam tristezas...
a alma exuberante de fantasias...
*
lembro-me os dias de fazer anos...
os castelos de areia desfeitos no mar de maresia...
os sonhos de crescer em cada pesadelo...
a mente a estalar pelos desenganos...
as sobras dos anos que um outro fazia
os brinquedos de lata ou de pau singelo...
*
lembro-me de quando fazer anos
era uma marca efémera de ser menino
os doces a roupa estreada ser maior crescer
perdidas desculpas pelos erros humanos
és grande quase um homem e tão pequenino
trabalhar estudar deus pátria família a ceder
*
hoje por minha própria vontade
não quero fazer anos lembrar que cresci
sou apenas um momento breve de que guardo memória
para quem me sentiu sou mera saudade
do tempo a que me ajustei e nele me perdi
à deriva dos ventos à mercê dos ecos da história
*
porque todos os dias há uma efeméride
que assinala cada movimento na descoberta de existir
um manifesto de amor
sou sendo centro de gravitação dum asteroide
que me atrai de encontro às partículas do devir
adejando sobre sensuais pétalas de flor
*
jrg