ESCRITOS À MARGEM DA GUERRA!...
imagem tirada do blog VERDE GAIO FOTOS...crianças d'África
ao poeta amigo irmão Nuno Dempster
vieste assim tão de súbito
do absurdo longínquo da guerra
ainda intacto
subversão atroz intuito
do pensamento que me aferra
dentro da alma compacto
por entre o ruído do gerador
o pensamento a descongelar
em palavras soltas sem critério
dizer...falar...era viver a nossa dor
ocultos no tempo quente a resgatar
da alma juvenil tanto mistério
sobre um tronco velho de mangueira
erigido em monte Parnaso
ouvidos no silêncio dos mosquitos
tu e eu subversivos de alma inteira
enquanto outros dormiam nos sonhos do regaço
discutíamos desta guerra seus propósitos
muito leve ténue quase nula a aragem
por onde as palavras se esvaiam e voltavam
famintas de se tocarem de tão longe
sem deus nem pátria ingénuas da coragem
com que as almas de nós dois se confortavam
motejando o feminismo do sargento Muge
eu falava apaixonado pelo comunismo
tu dos Gregos a lição filosófica do equilíbrio
a noite por testemunha da nossa dimensão
um povo só é livre se sair do comodismo
se regar com sangue o renascer do brio
que faz a grandeza e fortalece uma Nação
dizias e eu ripostava acalorado
que era tempo de mudar um tal conceito
o bom senso a paz e a justiça
que a tese do Marxismo era o primado
que trazia nova luz a cada peito
e liberdade a cada povo que a cobiça
ah como te rias da minha ingenuidade
os macacos saltavam das árvores assustados
o tempo tão parado à nossa espera
uma pausa falávamos de mulheres a ansiedade
os odores das memórias resgatados
e era longa a noite em cada noite que se esgueira
acredita eu não tinha qualquer certeza
esmiuçava de ti a sabedoria do conhecimento
como um sofista na escola Platónica
e foi assim que construi do medo esta frieza
que permite à alma sorrir cada momento
por um fenómeno de ligação à matéria iónica
ah meu amigo meu irmão
que bom teres voltado ao diálogo interrompido
agora que aprendi pelo teu entendimento
que o homem é a causa não sendo a solução
deste ruído que me soa a estampido
numa guerra milenar pelo ter sem cabimento
dancemos em volta da terrina com mistura
o tempo é ainda...tu sonhas? eu sonho! de sonhar
hoje não é de vinho gelo açúcar e cerveja
nem vamos beber até cair a alma de madura
hoje é de alegria a emoção de te achar
encho a terrina d'aço com groselha e dois brincos de cereja...
autor : jrg