TRILOGIA DO FOGO !...ALZHEIMER !...
encho de poesia a triste dor
na esperança de espalhar a alegria
que traduz o sofrimento por amor
deixando de lado a fantasia...
jrg
***
TRILOGIA DO FOGO
***
ALZHEIMER
Ah! A vida!
Alerta-te!
Tu não és mais criança!
O que tu dizes não é mais fato.
Agora é sério!
Acorda para vida real!
Esse mundo é neurótico!
Sincrético!
Aneurisma cerebral!
Sem sincronia!
Os opostos andam separados.
Cada vez mais distantes.
Mal se notam!
Acorda!
Pareces tartaruga!
Antes eras lebre!
Esquecestes?
A pressa é inimiga da perfeição.
Mas tu não podes parar!
Não dá pra parar!
Acorda para vida real!
O que tu fazes aqui?
Nossa, tu estás diferente!
Estas muito mais bonito!
Não! Esse não sou eu!
Quem eu sou?
O que sou?
Não olhe pra trás!
Não ande para trás!
Não volte ao teu passado
Que este te atrasa,
Te faz lembrar!
Lembrar?
O que tu tens que esquecer!
Nada dura para sempre!
Essa é a realidade!
Acorda!
Acorda!
Acorda!
Acordei!
Quem é esse velho?
Onde estamos mesmo?
Eu quero voltar para minha casa!
Eu quero voltar para casa!
Está todo mundo me esperando lá!
Tá todo mundo me esperando...
Acorda!
Acorda!
A corda acorda no pescoço da memória.
É assim que se morre!
É assim que a vida anda de costas!
E é assim que tu vais sendo esquecido.
Aos poucos!
Acorda!
. . . . . .
Silvia
M endonça
^^^ ~~~~ ***
ALZHEIMER
Chego sorrateiro na companhia do tempo, que precariamente lhe consome.
Infiltro-me no processo de envelhecimento, me fazendo natural em seu esquecimento,
em sua desorientação do não lembrar, mas, meu objetivo maior é destruir,
progressivamente seus neurônios,
é lhe deixar em completa apatia,
sem motivo, levar à depressão aparente,
se possível roubar-lhe seu juízo e critica,
na confusão de seu raciocínio.
Tornar-se sua incessante ansiedade,
sua inquietação, sua agressividade.
Desorganizar seu sono e seus pensamentos em delírios.
Dificultar sua locomoção, lhe deixar em total dependência.
Roubar-lhe sua funcionalidade, seu cognitivo racional, encolher seu cérebro.
Sou o mal crônico a causar sofrimento,
Posso também ser precoce, esteja atento.
Sou... ALZHEIMER!
Lufague
*****
ALZHEIMER!
Visto de dentro o paciente
Quem sabe? aos poucos vai-se desapercebendo
Ouve um alarido que não mais sente
Nem sabe do mal porque vai morrendo
*
A princípio talvez ainda se debate
Os neurónios em cadeia esboçam feroz a reacção
Irrita-se explode toca sinos a rebate
Até ao dia em que a alma chama o corpo em vão
*
Visto de fora é alvo da chacota
Leva algum tempo a mente sã a se aperceber
Que o paciente agora vem revestido a terracota
Vai precisar de quem o saiba entender
Torna-se arrepiante para a memória
Olhar em frente o corpo estático ao movimento
Saber que ama aquele ser e sua história
Sentir o medo de viver na aspereza do tormento
Visto de cima não é nada da gente
Quem é a senhora? estrebucha o pensamento
Ninguém está preparado para olhar de frente
O mal alzheimerado impávido lamento
Que maldade a dos elementos tão aviltantes
Que se conluiem no silêncio em segredo
Não escolhem como e quando surgem penetrantes
Ainda que deles não tenhamos medo
Visto de baixo de onde o mal se expandiu
É como um louco que se diz numa outra dimensão
Ninguém pode garantir que no dizer sandio
Não haja uma mensagem de amor à vida em submissão
jrg