AMO O TEMPO QUE FAZ
quando o vento sopra de sudoeste
dizia o meu avô de olhos semicerrados
é tempestade o mar se torna agreste
faíscam raios soam trovões amedrontados
*
na rua pessoas correm desnorteadas
dizem palavras obscenas do tempo que faz
seja vento chuva ou sol abençoadas
são as que vivem do tempo serenidade paz
*
uns amam o sol tórrido estorricante
na praia os corpos desnudos a água parada
outros adoram a invernia exaltante
mar cavernoso inundações a terra amassada
*
há os que se deliciam triste Outono
árvores despidas da folhagem envelhecida
e os que vibram na Primavera ozono
clima cheio de doce amor paixão apetecida
*
se tempo fosse afim da humana consciência
se repartisse em lotes climatizados
ainda assim haveria a atroz impaciência
por desejos que amiúde são trocados
*
habituei-me a saudar embrulhado n'alegria
qualquer que seja o clima anunciado
sou eu que opero em mim constante a magia
de amar no tempo o acaso esperançado
*
digo bons dias ao sol esplendoroso
boa tarde vento frio e à chuva fascinante
boa noite ao cosmos negro vaporoso
no desejo de ser de todos os tempos amante
jrg