MULHER LIVRE
Como é possível no mundo haver
Olhos belos tanta tristeza
Apenas por ser uma mulher
E tida por de maior fraqueza
Quando vejo os olhos dela
Que rutilam sorridentes
Senhora de saberes tão bela
Lanço gritos estridentes
É mãe mulher amante
E livre no pensamento e ser
Não há homem por mais tratante
Que não lhe deva viver
Quando vejo os olhos dela
Entre estrelas cintilantes
De natureza tão bela
Seus perfumes fascinantes
Que vileza cobardia nela bater
Violentá-la no eu na mente
Todo o homem que se ri do seu sofrer
É um aborto gorado má semente
Quando vejo os olhos dela
Doces lânguidos meigos de ternura
Mal posso imaginar que sendo bela
Seja vítima de maus tratos de tortura
Que lentidão para reconhecer
Sua dinâmica e força superior
Quanto tempo pode durar para viver
Na era da mulher plena a seu favor
Quando vejo os olhos dela,
Na luz do sorriso, radiantes
Exorto a criadora pura e bela
A aproximar os mundos tão distantes
Que absurdo este legislar
Sobre direitos absolutos naturais
Nada pode impedir uma mulher de dar
Educação e sentido aos homens colossais
Quando vejo os olhos dela
Azuis ou verdes pretos castanhos
Ou de outras cores que a fazem bela
Incito-a a libertar-se de medos estranhos
Que toda a mulher se permita a ousadia
De ser o rosto sonhado da justiça
Não só cantada em versos de dúctil poesia
Mas tida em conta como mais valia ética
Quando vejo os olhos dela
Febris de amor ou sofrimento
Fico suspenso de saber se de tão bela
É agora chegado o seu momento