MEMÓRIAS DO HOMEM...
lembro há milénios
quando chovia
a festa dos neurónios
as cores da floresta a euforia
lembro de olharmos o sol a lua
o céu estrelado
de a alma vaguear toda nua
da sesta após o repasto regalado
lembro os cheiros do Planeta
as queimadas naturais
a plumagem colorida das aves o cometa
que deixava um rasto mágico vendavais
lembro quando éramos
do belo a cercadura
escolhíamos pelo aroma não erramos
a fêmea que no cio nos emoldura
lembro de observar outras espécies
quando a cada uma cabia o seu lugar
como faziam ponte túneis face às intempéries
e se digladiavam pelo pão em luta salutar
lembro de aprender que humildade
se for fraqueza subserviente
é escravatura do homem rude pelo da cidade
e não traz a quem serve maior riqueza
lembro a descoberta
que o homem fez da razão pura
ao ver-se na solidão de alma aberta
e de como se achou na actual loucura
autor: JRG