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BIOCRÓNICAS

CRIAR BIOGRAFIAS OU CRÓNICAS ROMANCEADAS DE PESSOAS OU EMPRESAS

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10
Mar10

MULHER LIVRE

romanesco

 

Como é possível no mundo haver

 Olhos belos tanta tristeza

Apenas por ser uma mulher

E tida por de maior fraqueza

 

Quando vejo os olhos dela

Que rutilam sorridentes

Senhora de saberes tão bela

Lanço gritos estridentes

 

É mãe mulher amante

E livre no pensamento e ser

Não há homem por mais tratante

Que não lhe deva viver

 

Quando vejo os olhos dela

Entre estrelas cintilantes

De natureza tão bela

Seus perfumes fascinantes

 

Que vileza cobardia nela bater

Violentá-la no eu na mente

Todo o homem que se ri do seu sofrer

É um aborto gorado má semente

 

 

 

Quando vejo os olhos dela

Doces lânguidos meigos de ternura

Mal posso imaginar que sendo bela

Seja vítima de maus tratos de tortura

 

Que lentidão para reconhecer

Sua dinâmica e força superior

Quanto tempo pode durar para viver

Na era da mulher plena a seu favor

 

Quando vejo os olhos dela,

Na luz do sorriso, radiantes

Exorto a criadora pura e bela

A aproximar os mundos tão distantes

 

Que absurdo este legislar

Sobre direitos absolutos naturais

Nada pode impedir uma mulher de dar

Educação e sentido aos homens colossais

 

Quando vejo os olhos dela

Azuis ou verdes pretos castanhos

Ou de outras cores que a fazem bela

Incito-a a libertar-se de medos estranhos

 

Que toda a mulher se permita a ousadia

De ser o rosto sonhado da justiça

Não só cantada em versos de dúctil poesia

Mas tida em conta como mais valia ética

***

Quando vejo os olhos dela

Febris de amor ou sofrimento

Fico suspenso de saber se de tão bela

É agora chegado o seu momento

 autor: JRG

 

06
Set09

L U C I A N A - TRAUMAS DA INFÂNCIA

romanesco

O Jardim era imenso, sumptuosas palmeiras de grande porte rodeadas de silêncios e raiadas de sol por entre as folhagens que tornavam o ambiente exuberante.

Quando montei o consultório, tive o privilégio de escolher esta sala de onde esta paisagem infinita e de cores salteadas, harmoniosas, entrava pela janela e me adocicava a maravilhosa vista do mar que era um dos meus ícones preferidos.

O consultório era constituído por mim, a cadeira onde me sentava, a secretária, uma estante, uma mesa de sala com uma jarra de flores, a cadeira de estender o corpo onde recebia clientes , uma cadeira multifunções, articulada, que permitia que o cliente  dispusesse o corpo o mais confortável possível.

O consultório tinha ainda, do lado de fora, uma saleta ínfima, que se destinava a servir de sala eventual de espera e digo eventual, porque raramente juntava mais de uma pessoa no espaço entre consultas.

Ouço a campainha e levanto-me, mas a porta abriu-se de repente...

_Desculpe, senhor Dr., pareceu-me ouvir dizer "entre!..."

É uma mulher ainda muito jovem, 34 a 35 anos, não mais, apesar do sombreado em volta dos olhos lindos, assustados, mas lindos, talvez derivado de noites sem sono, ou padecimentos da mente fixativa. Toda ela eram tremuras de se sentir pouco à vontade, sosseguei-a.

_Não tem qualquer importância, ponha-se à vontade, quero que se sinta como se estivesse em sua casa, disponha como se não houvesse mais ninguém, e eu sou apenas um espelho, a quem pode expandir o que a atormenta, como se falasse consigo própria. Julgo que é a Luciana?

Tocámos as mãos num cumprimento que queria gerar empatia, da minha parte, a senti-la suspensa, indecisa, olhando o meu gesto para que se sentasse.

Sentou-se com as pernas unidas, a saia curta e ela a puxá-la, para que se cobrisse o mais possível das pernas sedutoras. Reparei na perfeição dos joelhos.

_E então Luciana, quer falar de si, dos sentimentos que a perturbam, podíamos começar desde a infância ou partir de agora às arrecuas, a acharmos elos de ligação entre si.

Ela olhou-me fixamente, olhos dóceis como que a procurar ajuda imediata, sossego para a alma, paz no bater acelerado do seu coração que comunicava com o cérebro, as frontes latejando, dor.

E conta, a voz adocicada, suave, terna, que se sentia perdida, o, peito dela arfando, o meu marido mostrou-se muito apaixonado no principio de casados, temos dois filhos, eu era uma jovem, talvez, exuberante e dei-me, julgava eu, toda aos prazeres dele, mas com o decorrer do tempo fui sentindo que ele apenas se servia, que me abandonava após a sua satisfação e me dirigia palavras de desdém, que eu era pouco mexida, pouco dada a fantasias e eu ia-me sentindo uma mulher inútil, aquelas palavras a martelarem-me o cérebro, insistentes " não prestas na cama", humilhava-me com palavras duras que nenhuma mulher gosta de ouvir e um dia passeou-se na rua com outra mulher, sorriso irónico, os filhos a verem a interrogarem-se quem era aquela senhora e porque o pai estava fora de casa.

Eu olhava-a com um ar distraído, vi bem os olhos húmidos da comoção, do esforço que fazia para arrancar de dentro de si o que ela sentia poder ser uma insuficiência que lhe ia destruindo a vida.

_E porque pensa que é uma mulher tensa, sem o correspondente vigor que o seu marido esperava de si? foi violada, alguma vez?

Senti que toda ela estremeceu à palavra violação e fiquei na expectativa, atento aos lábios por onde ela passava a língua, humedecendo-os, mordendo-os.

_Na verdade senhor Dr.., tive um episódio na minha vida que me acompanha como um estigma, que me arrepela quando o meu marido me toca no ânus, me tenta penetrar quase irracionalmente ante a minha recusa, me bate, me expulsa do lugar do leito onde me disponho a aceitá-lo.

_E então, quer falar sobre isso? A Luciana tem uma crise de confiança, e de auto-estima que temos de trabalhar aprofundando a sua disponibilidade para se aceitar como pessoa capaz, influente de si e para si.

Esboçou um sorriso tímido e vi quanto é bela, quanto fluía dela a consciência de estar ali a extrair-se do mais profundo da sua alma.

_Quando nos separamos eu quis testar as minhas qualidades de mulher, fêmea, a minha sexualidade, liberta de tabus, com alguém que me respeitasse, me sentisse e se sentisse dentro de mim, mas não  com um qualquer e tive um amigo que preenchia a minha ideia de amante, um amigo que eu amava, ou pensava que sim, no desespero de me saber, de experimentar tudo de novo mas de uma forma diferente, vadia, sem as regras dúbias que o casamento exige de uma mulher, a posse, ser dele, do meu marido.

_E então?...

Olhou a paisagem fora das vidraças da janela grande sobre o mar e o jardim , ausente, a rememorar-se?...as mãos movimentando-se em círculos abstractos, mas que para ela tinham um sentido estético.

_Este amigo só admitia um relacionamento sério, casar e então sim, um relacionamento sexual efectivo e natural, dentro de todo o respeito pelo ser que eu sou. E eu apenas queria mudar, saber se havia limites intransponíveis.  Lembro-me que na escola, quando adolescente e na minha juventude fui assediada pelos rapazes para ter relações sexuais.

Ela fez esta mudança brusca sem se aperceber, como se estivesse a seguir um fio condutor que  a mim me escapava.

_Interessante, e teve relações nesse período? De uma forma natural, sem sobressaltos, sem pressões?

_ Não, eu tinha na ideia apenas iniciar a minha sexualidade com um marido convencional. E eles diziam que podíamos fazer sexo anal, era inofensivo e retirávamos prazer da união dos corpos, das carícias em outros pontos de excitação, de experimentação. Ai eu gritava que não e fugia ante a estupefacção dele e o desdém que lia no seu olhar quando me virava a ver se me seguia, apavorada.

O corpo dela crescia, quase se levantava da cadeira, os olhos exorbitados, os lábios contraindo-se, as mãos agitadas, todo o corpo, como se estivesse possessa, lágrimas convulsivas, a voz embargada, mas a soltar-se. Senti que crescia a empatia nas nossas palavras, que se abraçava à ideia de mim seu salvador, libertador  da bola de fogo que lhe queimava o peito.

_Luciana, insisto, você foi violada, quer falar sobre isso, com a distância que o acontecimento por certo tem, esmiúce os contornos, procure transmitir o que lhe doeu, o que lhe dói desse momento e a sua disponibilidade para ultrapassar a dor, repescar-se libertando-se, imagine, ser livre, ser plena, sorrir, vá lá... sorria um pouco.

E ela sorriu, primeiro timidamente, depois abrindo os lábios, iluminando-se de um fogo novo que eclodia de dentro dela, da su alma dorida.

_Eu tinha três anos e era uma menina muito linda, um corpinho airoso, atrevida, ousada e muito extrovertida, recordo aquele dia ainda com o pavor de então, eram três rapazes de 13 ou 14 anos, não sei bem e riam-se em volta de mim, a saia curta a ver-se as cuecas, as minhas pernas de menina, é certo, mas a despertar.lhe apetites que eu desconhecia, agarraram em mim e levaram-me para um sitio ermo entre arbustos. Diziam que não queriam fazer-me mal, apenas ensaiar coisas de pessoas crescidas, aliciaram-me com guloseimas, com a ilusão de eu ser uma menina crescida e discutiam entre si como fazer.

Tiraram-me as cuecas e meteram-me o sexo no rabo, mas a seco, causando-me dores insuportáveis, tapando-me a boca para que não gritasse, rasgando-me violentamente, à vez, um   a um, dolorosamente, Sr.. Dr... e ameaçaram-me no fim que se dissesse a alguém me matavam e ninguém iria acreditar, rasgaram-me toda, para toda a vida.

Percebi que a minha boca estava completamente aberta, abismado e ouvia-a soluçar, o nariz aquoso que ela procurava assoar, enxugando as lágrimas. Era uma imagem muito bela, as lágrimas brilhavam nos olhos com cintilações de arco íris, ou seria dos meus?

Levantei-me e afaguei-lhe os cabelos, as mãos dela sobre as minhas mãos.

_E agora, Luciana, sente-se melhor?

_Sim

Disse-lhe para se acalmar, que era uma mulher de grande coragem a um passo de alcançar a plenitude, que nos veríamos de novo na próxima semana, que acreditasse que tinha dado um grande passo, que sorrisse

 

 

22
Jul08

A MINHA HISTÓRIA PODIA SER ASSIM !...

romanesco

Fim do dia, já as sombras da noite se fazem sentir na folhagem das árvores agitadas pelo chilreio dos pássaros que se acomodam.

Júlia, 25 anos, aspecto ainda jovem, bonita, não fora aquela mancha no rosto, na face direita, que a marcara para sempre e lhe traçara o destino.

Começara a sua actividade sexual ainda cedo. Não tinha a certeza, onze doze anos, na escola e com um primo que era uma pouco mais velho e com quem mantinha amizade feita de cumplicidades e saídas nocturnas desaprovadas pelos pais.

Quando aos quinze apareceu em casa dizendo que estava grávida de dois meses, a mãe, na cozinha, pegou na panela com água a ferver e atirou-lha.  Não cegou por acaso, o movimento brusco que fizera evitara a água mesmo no limite do olho, mas perdeu a criança e perdeu o sonho dos sonhos que sonhara.

Há dez anos que se prostituía na estrada, sujeita a ser mal tratada, embora tivesse um tipo que passava de hora a hora para lhe guardar o corpo, dizia ele e recolher  a percentagem.

Quando não havia percentagem, maltratava-a física e psicológicamente. Mas era este último que a feria mais.

-Como queres ter clientes com essa cara de monstro? Puta, puta, puta.

As palavras a martelar, a martelar. Não era a animalidade dos clientes, as porcarias que inventavam e eles porcos, cheirando a mijo e esperma ressequido. A violência das entradas no seu cu, rasgando, ferindo sem dó. Ou agarrando-a pelos cabelos e batendo com as coxas no seu rosto enquanto os chupava, mecanicamente...

Eram as palavras. Sim, as palavras doíam, entranhavam-se-lhe no corpo dorido. ultrapassavam a dor das feridas e afirmavam-se perenes e plenas de violência.

Mudar de vida!... Como?

Naquele dia acordou e sentiu-se de uma forma estranha, leve, como se adejasse sobre si própria em êxtases de um outro ser, seu , desconhecido até então, ou simplesmente adormecido. Sonhou, ou sonhava. Havia um plano à sua frente como nunca ousara ver.

Inscrever-se na escola e completar o secundário de uma forma acelerada. Inscrever-se num curso de formação profissional e alugar um quarto noutro lugar, longe dos sítios que frequentara. Não vender mais o seu corpo. Enquanto tivesse a alma, era possivel Renascer de novo. Conquistar-se de novo. Erguer um império de si

...

 

Podia ser o inicio de uma história de vida romanceada, a envolver negócios, empresas de estilo familiar que ainda são o sustentáculo do país. E a tragédia que os apanha desprevenidos e vai condicionar toda a estrutura familiar futura.

É o que me proponho. Escrever sobre vidas anónimas que valem as luzes da ribalta ou a fixação histórica e que traduzem a essência de um povo. Primeiro de uma família. Primeiro ainda, ou antes de tudo, a essência de um homem, de uma mulher.

Escreverei por encomenda, preços de acordo com extensão e pesquisa de documentação. Mas com a paixão que o percurso proposto me suscitar.

Aguardo propostas.

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