PARKINSON...A POESIA E O POETA!...
para o Rogério Martins Simões...com amor
***
Nasce tão tanto inocente a criatura
E logo ao nascer nela renasce
Em cada célula por maldade ou por ventura
Um estigma genético sobre a catarse
Se alguém assim gerado ao renascer
Não escolhe ser da poesia na alma um portador
Porque teima o corpo em vão sofrer
Quando no auge da criação um poeta é só amor
Sorrateira vem tão de repente
A tomar conta no corpo do movimento
Procura nos neurónios eminente
A prontidão da alma que eleva o pensamento
Não se sabe quem é de onde vem
Nem se reconhece remédio ou valimento
Apenas que atinge o homem pai ou mãe
E nele solta atroz o sofrimento
Deram-lhe o nome sonante de Parkinson
Que lentamente tolhe a motricidade
Come neurónios e na palavra toma o som
Estremece no corpo inteiro a vontade
Não se compadece com a erosão
Que na vontade de cansaço provoca o desalento
Só a força indómita dentro da razão
Friamente composta de “amor e dor” é provimento
Meus olhos brilham estrelas rutilantes
Ao sentir a energia do poema à volta e dentro do poeta
Resistente da esperança luz de efeitos brilhantes
Que almeja na Parkinson ser profeta
Cansado o poeta acena à indiferença
Com que ela avança segura e célere em prontidão
Recusa pelo verso ser dela a sentença
E lança a poesia além da alma pelo coração
Eleita deste modo profícua a poesia
Assume o homem nela uma nova e alta dimensão
Reduz toda a doença à mera fantasia
Ao ser em cada verso antídoto à sua evolução
Autor: jrg