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já foi dia da raça
movimentou paradas militares
discursos de exaltação
a iluminar desígnios como quem traça
caminhos preliminares
que elevam o povo humilde da nação
orgulhoso em forma de desgraça
*
hoje é dia de Portugal
não já só império mas um mundo
de comunidades disseminadas
por onde a palavra insidiosa frugal
aviva o desejo mais profundo
de elites convulsivas amedrontadas
que lhes sequem onde medra o pantanal
*
a minha condecoração
neste dia de pretenso orgulho nacional
vai para aquela mãe envelhecida
que se entrega inteira d'alma e coração
se endivida olhos no chão na luta desigual
para salvar o filho em cada recaída
antes que droga ou morte apague sua paixão
*
a minha condecoração
vai para aquela mulher vitima dos conceitos
que geram contra ela infinita violência
ornada para enfeite do ódio em gestação
desde que nasce para ser de amores perfeitos
que aviltam a sua consciência
e a condenam à mais vil submissão
*
a minha condecoração
neste dia da oratória banal cheia de recados
vai para o vagabundo sem rumo
que nos olha sopesando a nossa dimensão
de nós altivos a coberto do medo desassossegados
envolvidos num ter efémero que cai a prumo
de que somos o modelo em extinção
*
a minha condecoração
vai para o amor sem limites dos amantes
que não sendo um país são a alma humana inteira
a que faz do silêncio a sua projecção
a que se indigna por ser o isco dos tratantes
porque amar é ser maior que a comenda
no brilho onde o espavento marca a distinção
*
hoje é dia de Portugal e da poesia
porque é de Camões a epopeia que cava o drama
onde navega e naufraga este país
não há arrais que saiba marear toda a maresia
todos de terra como então tecem a trama
não há na natureza quem abjure assim sua raiz
até que alguém nos cale por heresia..
autor: jrg
imagem da net
Mãe...
em cada mulher que amo estás presente
há em cada uma um pouco de tua virtude
sendo universal criadora a que me sente
desde o romper do óvulo até à infinitude
Mãe...
és a mais bela e do meu ser fiel amante
deste-me tanto e eu tão pouco ainda tento
ser no orgulho de ti amor amor bastante
na alegria de viveres feliz sem sofrimento
Mãe...
mãe há quanto tempo não dizia que te amo
foi para isso talvez que criaram este teu dia
dizer-te que estás em mim quando te chamo
é ser em ti poema da mais bela poesia...
autor: jrg
Apresento, como sugestão de prenda para o dia da mãe, um poema personalizado, com três estrofes de quatro versos, encimado por uma imagem da mãe, impresso em papel conquereur de 100 gramas, com moldura a gosto do ofertante. Aceito encomendas de poemas.
ninguém tem o direito de matar um filho meu
porque ele é parte de mim e da mulher mais pura
é gene amor ternura matá-lo só mesmo eu
que sou de mim e dela uma só loucura
vieram de longe com pés de encantamento
prometeram que seria homem fora da natura
e ele foi surdo e indiferente ao chamamento
que era de amor de pai e mãe na amargura
Foi levado voltou e foi de novo vezes sem fim
espoliou o ser e o parco património
a mente insana o corpo doente escanzelado
o pai sou eu gritei ao mundo levem-me a mim
imaginei matá-lo e ela e eu mais o demónio
que é da alma de menino inteligente e tão mimado?
não há pior tormento que ver um filho amado
ser repasto de abutres famintos de dinheiro
e ser impotente perante a lei triste legado
que forja a crise instante que abate o mundo inteiro
de súbito regressou para ficar vinha doente
veio à boleia da rotação da terra
a doença é um estigma que impede o salto em frente
mas ele veio decidido a vencer e grita e berra
lá vai era um menino quando foi levado
o riso cristalino a personalidade
a reconstruir-se de novo rumo ao norte
a esperança de ser no novo mundo um aliado
no silêncio choram os meus olhos sem idade
embevecido de o ver andar lesto e forte
lá vai é o meu menino rumo certeiro
sorri de novo aprende jogando
leva no corpo um vírus cínico matreiro
mas tem na alma amor e está amando
lá vai meu espermatozóide endiabrado
que bom ceder ao tempo não o matei
hoje é um exemplo da vontade está domado
às leis do pensamento que eu amei
autor: JRG
Tinham optado por consolidar a posição social e profissional antes de se iniciarem como pais de uma criança que desejavam ansiosamente mas a quem queriam proporcionar o mais amplo conforto e estilo de vida.
Viviam felizes pelos êxitos alcançados, ela directora de uma empresa multinacional, ele profissional liberal na área da administração de empresas.
Diogo Reis era um homem de porte fino, másculo, rosto expressivo, andar confiante e determinado, uns olhos escuros, afável.
Margarida, uma formosura esbelta, apaixonante, de olhar sonhador, verdes escuros, os olhos, como safiras, romântica, geradora de empatia.
Decidiram que era o tempo de gerarem o seu filho, um fruto do amor que se consubstanciara nos anos decorridos em comum e em que se projectaram como uma família apta para crescer.
Tentaram, mas não acontecia, meses, um ano, dois anos, fizeram exames médicos, os dela primeiro, a determinar que podia engravidar, embora pudessem ocorrer dificuldades devido a pequenos problemas uterinos que podiam ser ultrapassados com tratamento adequado. Os dele angustiantes, espermatozóides lentos e escassos, uma infertilidade de 80% com os restantes 20% debilitados.
Foram jantar a um restaurante diferente, ao fundo o mar, os pontos luminosos das estrelas, a lua em crescente, uma brisa amena de fim de Verão. Falaram sobre as alternativas, a sugestão do médico a fertilização por inseminação artificial, os riscos e as perturbações, sobretudo sobre ela, as listas de espera, os custos num laboratório particular porque nos públicos era impraticável a espera. Tinham esperado demasiado e ela estava com 36 anos.
Olhos nos olhos, húmidos de emoção, as mãos entrelaçadas, frementes de amor, de querer, o seu filho ou filha, um ser que queriam diferente, a sua realização plena como pessoas.
Beijaram-se e disseram sim à aventura da criação, custasse o que custasse.
Inscreveram-se na clínica que amigos comuns lhes haviam indicado, fizeram exames, seguiram as instruções, prepararam a ovulação por indução controlada, Margarida na clínica para o processo de inseminação. Diogo a masturbar-se para que fossem seleccionados os espermatozóides julgados passíveis de se esforçarem o suficiente para fecundarem o óvulo. Masturbação dolorosa, desesperante.
Regressaram a casa confiantes, um sorriso tímido, olhares de esperança, ansiedade, o passar dos dias, 8 dias, 10 dias, cedo para acreditarem, Margarida ficou uns dias em repouso, o aflorar de sorrisos de esperança.
O sonho ruiu no amanhecer daquele dia cinzento, sem sol nem chuva, ainda tépido, uma dor súbita, penetrante. Ficaram abraçados por largos momentos, choraram convulsivamente, apertaram-se, beijaram-se e decidiram repetir dentro do período aconselhável.
Outubro fresco e seco, foi o mês escolhido para a segunda tentativa de induzir com êxito a gravidez que lhes daria a esperança, a felicidade de serem pais, ou como eles diziam, pessoas completas.
De novo o tratamento para que Margarida pudesse receber de Diogo, a semente sã, sem cópula, sem a exaltação do amor, sem o fervor emotivo dos corpos no rebuliço do desejo. E ele Diogo, a masturbação solitária. Há quanto tempo? Desde a puberdade, talvez... Seria amor ou fixação?
Eles estavam convictos que era por amor, eles sentiam amor em cada acto, pensavam no ser frágil que viria, na alegria infinita do seu choro, do seu primeiro clamor pelo direito à vida. Davam-se na totalidade, submetiam-se a tudo e sem a garantia que fosse certo, mas acreditando, esperançados.
Passaram os dias, mal dormidos na ansiedade de saberem resultados, perdas de sangue, dores.
Margarida repousava mais que anteriormente. Mobilizaram parentes para que pudesse manter-se acamada. O tempo parado no meio do tempo. Dias compridos, inesgotáveis. Passou um mês, dois meses, a primeira eco grafia, a segunda eco grafia, o feto estava perfeito, sem deficiências aparentes, as medições corretas.
Um dia, de súbito, uma dor forte e um pouco de sangues fizeram soar o alarme. Margarida chorava convulsivamente. Diogo, quase desfalecido, seria possível?...Amparando-a , palavras de esperança, era apenas um fio de sangue, que sossegasse, seria apenas um pormenor, mas não a perda.
A médica tardava e Margarida, sem conter as lágrimas, o coração palpitando em ritmo acelerado, as mãos nas de Diogo, com que força, nem dava porque o feto se mexia, era como se já não o tivesse.
A médica acalmou-a dizendo que estava tudo bem, podia ver no ecrã da eco, mexia-se, mas havia um rompimento do saco amniótico e era necessário um novo período de repouso absoluto, até que colasse.
A Primavera anunciava-se no sol radioso que resplandecia sobre eles, volvida a esperança, secas as lágrimas, os sorrisos a cada beijo.
Nasceu em Maio que é por tradição o mês das rosas, ou de todas as flores, e era uma menina.
Autor: j.r.g.
É o que me proponho. Escrever sobre vidas anónimas que valem as luzes da ribalta ou a fixação histórica e que traduzem a essência do homem na infinitude da sua existência. A formação de uma família. Um percurso da vida ou a vida toda. Uma efeméride.
Escreverei por encomenda, preços de acordo com extensão e pesquisa de documentação. Mas com a paixão que o percurso proposto me suscitar.
Aguardo a vossa proposta. É uma oferta bonita de Natal ou Aniversário.
J.R.G.
era uma menina cresceu adolescente
mimada até que ao ser mulher se despertou
entedeu que feminina era condição urgente
de ser do mundo inteiro a mãe que sempre amou
correu o mundo em devaneios de conhecimento
em África e na Arábia encontrou meninas mães violentadas
na Ásia e Oceania mães impedidas de ser da luz da vida um momento
na América mães superlativas sexys escancaradas
É na Europa que a mãe de tudo um pouco é tormento
mulher madura mãe de filho em cada continente sem alento
hoje tem dia de festa lembrete condecorações
esquecida a vilania do dia a dia pelos pães
falada na rádio na net e nas televisões
é tempo de ser tida como a mãe de todas as mães
autor: J.R.G.
o dia fazia a sua caminhada ainda sem brilho
fuligem e fumo a derrocada das casas de adobe
crianças de olhar triste pisavam chorando o trilho
sem medo que os abutres invasores algo lhe robe
havia muitos corpos espalhados no chão enlameado
corpos em pedaços de gente sem membros nem alma
meninas mulheres, meninos soldados olhar esfomeado
e havia o r uído das bombas que a intervalos se acalma
pessoas f ugiam espavoridas buscando r efúgio guarida
numa nesga de espaço que Deus sempre nos guarda
crianças em bando de mãos dadas grito desesperante
soprou o vento o raio o trovão a chuva copiosa que invalida
calaram fogo os invasores tementes de perder a rectaguarda
e um raio de luz vindo de cima anulou a invasão arrepiante
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