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BIOCRÓNICAS

CRIAR BIOGRAFIAS OU CRÓNICAS ROMANCEADAS DE PESSOAS OU EMPRESAS

BIOCRÓNICAS

CRIAR BIOGRAFIAS OU CRÓNICAS ROMANCEADAS DE PESSOAS OU EMPRESAS

19
Mai09

REPRODUiÇÃO MÉDICAMENTE ASSISTIDA-UM CASO DE SUCESSO

romanesco

Tinham optado por consolidar a posição social e profissional antes de se iniciarem como pais de uma criança que desejavam ansiosamente mas a quem queriam proporcionar o mais amplo conforto e estilo de vida.

Viviam felizes pelos êxitos alcançados, ela directora de uma empresa multinacional, ele profissional liberal na área da administração de empresas.

Diogo Reis era um homem de porte fino, másculo, rosto expressivo, andar confiante e determinado, uns olhos escuros, afável.

Margarida, uma formosura esbelta, apaixonante, de olhar sonhador, verdes escuros, os olhos, como safiras, romântica, geradora de empatia.

Decidiram que era o tempo de gerarem o seu filho, um fruto do amor que se consubstanciara nos anos decorridos em comum e em que se projectaram como uma família apta para crescer.

Tentaram, mas não acontecia, meses, um ano, dois anos, fizeram exames médicos, os dela primeiro, a determinar que podia engravidar, embora pudessem ocorrer dificuldades devido a pequenos problemas uterinos que podiam ser ultrapassados com tratamento adequado. Os dele angustiantes, espermatozóides lentos e escassos, uma infertilidade de 80% com os restantes 20% debilitados.

Foram jantar a um restaurante diferente, ao fundo o mar, os pontos luminosos das estrelas, a lua em crescente, uma brisa amena de fim de Verão. Falaram sobre as alternativas, a sugestão do médico a fertilização por inseminação artificial, os riscos e as perturbações, sobretudo sobre ela, as listas de espera, os custos num laboratório particular porque nos públicos era impraticável a espera. Tinham esperado demasiado e ela estava com 36 anos.

Olhos nos olhos, húmidos de emoção, as mãos entrelaçadas, frementes de amor, de querer, o seu filho ou filha, um ser que queriam diferente, a sua realização plena como pessoas.

Beijaram-se e disseram sim à aventura da criação, custasse o que custasse.

Inscreveram-se na clínica que amigos comuns lhes haviam indicado, fizeram exames, seguiram as instruções, prepararam a ovulação por indução controlada, Margarida na clínica para o processo de inseminação. Diogo a masturbar-se para que fossem seleccionados os espermatozóides julgados passíveis de se esforçarem o suficiente para fecundarem o óvulo. Masturbação dolorosa, desesperante.

Regressaram a casa confiantes, um sorriso tímido, olhares de esperança, ansiedade, o passar dos dias, 8 dias, 10 dias, cedo para acreditarem, Margarida ficou uns dias em repouso, o aflorar de sorrisos de esperança.

O sonho ruiu no amanhecer daquele dia cinzento, sem sol nem chuva, ainda tépido, uma dor súbita, penetrante. Ficaram abraçados por largos momentos, choraram convulsivamente, apertaram-se, beijaram-se e decidiram repetir dentro do período aconselhável.

Outubro fresco e seco, foi o mês escolhido para a segunda tentativa de induzir com êxito a gravidez que lhes daria a esperança, a felicidade de serem pais, ou como eles diziam, pessoas completas.

De novo o tratamento para que Margarida pudesse receber de Diogo, a semente sã, sem cópula, sem a exaltação do amor, sem o fervor emotivo dos corpos no rebuliço do desejo. E ele Diogo, a masturbação solitária. Há quanto tempo? Desde a puberdade, talvez... Seria amor ou fixação?

Eles estavam convictos que era por amor, eles sentiam amor em cada acto, pensavam no ser frágil que viria, na alegria infinita do seu choro, do seu primeiro clamor pelo direito à vida. Davam-se na totalidade, submetiam-se a tudo e sem a garantia que fosse certo, mas acreditando, esperançados.

Passaram os dias, mal dormidos na ansiedade de saberem resultados, perdas de sangue, dores.

Margarida repousava mais que anteriormente. Mobilizaram parentes para que pudesse manter-se acamada. O tempo parado no meio do tempo. Dias compridos, inesgotáveis. Passou um mês, dois meses, a primeira eco grafia, a segunda eco grafia, o feto estava perfeito, sem deficiências aparentes, as medições corretas.

Um dia, de súbito, uma dor forte e um pouco de sangues fizeram soar o alarme. Margarida chorava convulsivamente. Diogo, quase desfalecido, seria possível?...Amparando-a , palavras de esperança, era apenas um fio de sangue, que sossegasse, seria apenas um pormenor, mas não a perda.

A médica tardava e Margarida, sem conter as lágrimas, o coração palpitando em ritmo acelerado, as mãos nas de Diogo, com que força, nem dava porque o feto se mexia, era como se já não o tivesse.

A médica acalmou-a dizendo que estava tudo bem, podia ver no ecrã da eco, mexia-se, mas havia um rompimento do saco amniótico e era necessário um novo período de repouso absoluto, até que colasse.

A Primavera anunciava-se no sol radioso que resplandecia sobre eles, volvida a esperança, secas as lágrimas, os sorrisos a cada beijo.

Nasceu em Maio que é por tradição o mês das rosas, ou de todas as flores, e era uma menina.

 

Autor: j.r.g.

 

 

É o que me proponho. Escrever sobre vidas anónimas que valem as luzes da ribalta ou a fixação histórica e que traduzem a essência do homem na infinitude da sua existência. A formação de uma família. Um percurso da vida ou a vida toda. Uma efeméride.

Escreverei por encomenda, preços de acordo com extensão e pesquisa de documentação. Mas com a paixão que o percurso proposto me suscitar.

Aguardo a vossa proposta. É uma oferta bonita de Natal ou Aniversário.

 

J.R.G.

 

01
Nov08

AO MEU NETO, COM AMOR...

romanesco

São 50 centímetros de gente, que se movimenta em pequenos gestos de abrir e fechar de mãos, esticar os pés, bocejar, caretas que querem talvez afugentar espíritos que procuram entrar na sua alma iniciada.

Emite sons que já são uma comunicação e olha-me nos olhos, um pouco estranho de mim, como quem quer inteirar-se do que sou, se sou, quem sou. Enterneço-me de o olhar, de o sentir e levanto-o nos meus braços, aconchego-o ao meu peito e ele deixa-se ficar. Aceitou-me. E é , somos, já, uma evidência um do outro

Coloco um dos meus dedos entre uma das suas mãos pequeninas, os dedos dele esguios, longos, e a mão fecha-se sobre o meu dedo, numa primeira saudação, a dizer que me aceita, que podemos vir a descobrir juntos outros caminhos...

Fecha os olhos e dorme enquanto lhe observo os pequenos movimentos com que procura fixar-se na vida. E relembro nele os meus filhos, os traços que se afirmam indeléveis, os lábios,o mexer dos lábios, o queixo saliente, mas sobretudo a expectativa do ser que irão sendo, que foram sendo e que são hoje e que ele, esta pequena parte de mim, irá ser, sendo, a cada momento.

Olho os seus cabelos negros e a penugem que o cobre nas partes visíveis do corpo. E penso que seria assim, talvez  tivesse sido, quando tudo começou, e as crias nasciam num qualquer recanto da natureza. Os pelos como vestimenta única e universal de igualitarismo.

Chama-se Pedro e é, segundo as convenções que organizam as hierarquias da família, meu neto. Eu chamo-lhe uma parte de mim. Não é meu, não sou dele, somos uma ligação intemporal e imaterial da espécie.

Nasceste Escorpião, como a avó, e vais por certo saber amar e sofrer, e ganhar vencendo todas as barreiras.

Temos genes comuns e vamos provavelmente amar-nos como só nós sabemos amar.

Olho as tuas mãos que se fecham e se abrem, como se me quisesses dizer, desde já, recebo e dou, recebo e dou, ou dou e recebo, dou e recebo...E fico na dúvida em qual dos dois termos deverei iniciar-te...ou de cujo espírito já vens imbuído...

Os teus olhos miram-me de novo, franzes a testa , semi cerras os olhos, interrogas-me, interrogas-te. Quem és?... Quem sou?...E eu não tenho respostas, meu amor...

 

 

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